Mente & Corpo, meios

O sofrimento se origina da mente e criamos sofrimento por meio das nossas ações, pelo corpo e pela fala. As causas e efeitos da nossa fala e das nossas ações trazem resultados dolorosos.

Então é verdade que todo o sofrimento surge de nossas mentes.

Mas não podemos alcançar nossas mentes, a maioria das pessoas não é capaz de controlar seus impulsos e pensamentos e reações.

E elas permanecem nesse ciclo vicioso de ações repetitivas do corpo, da fala e da mente, que lhes traz conflitos e sofrimento.

A única maneira de alcançar a mente é por meio do corpo, pois o corpo é considerado o portão para a mente, a casa da mente. A mente opera dentro do corpo através do seu cérebro e seu sistema nervoso.

Então, se você quer ser capaz de mudar seus pensamentos e impulsos negativos, você tem de ir até a fonte deles, você tem de ser capaz de ir para onde esses pensamentos e impulsos estão se originando e fazer as mudanças lá.
Essa é a técnica da meditação Vipassana: aprender a treinar sua mente a ir pelo corpo e, por meio do nível mais profundo do processo mental, chegar à fonte do pensamento.

Bhante Rahula

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O Escorpião

Um mestre do Oriente viu quando um escorpião estava se afogando e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião o picou.

Pela reação de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água e estava se afogando de novo.
O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o animal o picou. Alguém que estava observar aproximou do mestre e disse:

— Desculpe-me, mas é teimoso! Não entende que todas às vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?

O mestre respondeu:

— A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é ajudar.

Então, com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou sua vida.

Nunca mude sua natureza. Preocupe-se mais com tua consciência mais do que com a sua reputação. Sua consciência é o que voce é, e sua reputação é o que os outros pensam. E o que os outros pensam, não é problema seu, é deles.

Alguns perseguem a felicidade, outros a criam.

A mochila

“Quanto pesa sua vida? Imagine-se, por um segundo, carregando uma mochila.
Eu quero que você coloque lá tudo que você tem em sua vida.
Comece com as pequenas coisas, as estantes, as cômodas, as quinquilharias, e depois vá colocando conhecidos casuais nela, amigos de amigos, pessoas do escritório e ai comece a colocar as pessoas de sua confiança, adicione as pessoas em quem você confia seus segredos mais íntimos. Seus irmãos e irmãos, seus filhos, seus pais e por fim seu marido, esposa, namorado ou namorada.Coloque-os na mochila, sinta o peso da mochila
Voce sente as alças cortando seus ombros? Todas essas negociaçoes e discussões,segredos e compromissos, você não precisa carregar todo esse peso.
Porque não coloca essa mochila no chão?
Seus relacionamentos são os maiores componentes em sua vida. São os artigos mais pesados de sua vida. Então nos movemos devagar, porque é pesado, quanto mais devagar nos movemos, mais rápido morremos. 
Não se engane, viver é mover-se.”
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Talvez precise esvaziar a mochila para escolher o que por nela.
(Up in the Air) Amor sem escalas
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O horror de saber que esta vida é verdadeira.(atual)

– Não é preciso marcar o tempo, basta abandoná-lo, ela me disse uma vez. De que adianta saber que dia é hoje? As horas sim, são importantes. O dia é bem dividido. Cada hora uma coisa certa. Melhor viver um dia só, sem fim. O que tiver de acontecer, é dentro dele.

– Os dias guardados. Armazenados. Neles, nenhuma marca. Rasura sequer. Conjunto, soma de todos os nossos instantes. Agora sei. Cada momento era uma antecedência para nós. Uma espera que se substituía infinitamente. Vivíamos na ansiedade pela ocasião que haveria de chegar.
Assim, nossa vida se distendia como um elástico. Esticava-se ao ponto máximo, atingindo o estado de tensão, incômoda inquietação. Quando o dia se acabava, a esperança nascia outra vez dentro de nós. Aguardávamos os instantes que faria o dia seguinte repleto-vazio.
Instantes despidos daquilo que faltava. Algo que necessitávamos e não íamos procurar. Ficávamos na expectativa que acontecesse. Havia uma falta. Não somente dentro do tempo. Porém um vazio concreto. Lancinante. Em cada canto da casa se projetava a sua sombra. Compacta.
Fomos preenchendo o apartamento com objetos. Até que se assemelhou a um bazar de artigos únicos, invendáveis. Cristaleiras cheias de compoteiras, xícaras, saleiros, copos, taças e licoreiras. Paredes com quadros, reproduções, flâmulas, santos, retratos, relógios parados.
E calendários. Dois ou três em cada cômodo, escolhidos por ela. Brindes ganhos nos Superpostos de Distribuição Alimentar. Comprados na igreja. Folhinhas que nos ensinavam vários costumes obsoletos. Como a boa época para se plantar e colher. Ou que davam o bom e o mau tempo.
(Loyola Brandão)
                                             18 10 2014 - 1

– Será que não era o barulho das cabecinhas estourando?

Amor e Intimidade- Osho

 Toda a gente tem medo da intimidade — ter ou não ter consciência desse medo é outra história. A intimidade significa expor-se perante um estranho — e todos nós somos estranhos; ninguém conhece ninguém. Somos mesmo estranhos a nós próprios, porque não sabemos quem somos.
A intimidade aproxima-o de um estranho. Tem de deixar cair todas as suas defesas; só assim a intimidade é possível. E o seu medo é que se deixar cair todas as suas defesas, todas as suas máscaras, quem sabe o que o estranho lhe poderá fazer. Todos nós andamos a esconder mil e uma coisas, não só dos outros mas de nós próprios, porque fomos criados por uma humanidade doente com toda a espécie de repressões, inibições e tabus. E o medo é que, com alguém que seja um estranho — e não importa se se viveu com a pessoa durante trinta ou quarenta anos; a estranheza nunca desaparece —, parece mais seguro manter uma ligeira defesa, uma pequena distância, porque alguém se poderá aproveitar das suas fraquezas, da sua fragilidade, da sua vulnerabilidade.
Toda a gente tem medo da intimidade. O problema torna-se mais complicado porque toda a gente quer intimidade. Toda a gente quer intimidade porque, de outro modo, está sozinho neste Universo — sem um amigo, sem um amante, sem ninguém em quem confiar, sem ninguém a quem abrir todas as suas feridas. E as feridas não saram se não forem abertas.
Osho, in ‘Intimidade’

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Livros (Franz Kafta)

É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós.

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Apenas deveríamos ler os livros que nos picam e que nos mordem.Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo? Kafta