Na sala das memórias
Na sala escura da auto piedade minhas memórias e eu vivemos em plena comunhão com a alegria.
Não guardo na memória a dor, mas, inevitavelmente, das profundezas saem lembranças dolorosas, como se fosse um beijo na testa, rápido e respeitoso, eu apesar da lembrança, sorrio…elas só existem porque vivi, não me poupei de viver a alegria do amor e a dor do desamor, ambos são partes desta experiencia que é viver.
Não há luz, apenas o som das gotas de água da torneira da casa… lembrando que um coração partido por tantos golpes, um após o outro, com dificuldade ainda se recupera, como se o oxigênio acabasse, mas insiste em buscar o ar.
Eu tento continuar sonhando, enquanto eu espero que a alegria retorne, talvez retorne e eu seja feliz outra vez, perdida, ouço a porta …a esperança renasce…delicio-me na espera…e sinto a vida outra vez…
Eu não sei … Realmente não sei o que aconteceu, acho que você me convidou para imaginar quão instáveis são nossas memórias saturadas de dor e gemidos ….
Mas foi minha necessidade de ouvir minha tristeza, que me fez pintar meus sonhos com a cor da escuridão, renascendo nas histórias em que minha memória insiste em rememorar, e volto a sorrir para as minhas tristezas, são partes de mim.
Lembranças felizes batem em meu ombro e tranquilizam-me e dizem que ainda estou em você.
Eu quase me arrependo de ter estado na sala com a tristeza, no entanto, é ela que me lembra que ainda estou vivo !
Tranformo minhas lágrimas de tristeza em gargalhadas falsas, apenas para abster-me de obter restos de falsas alegrias, e ouvindo o som da gargalhada, que quase havia esquecido e volto a sorrir …parece gemidos ou risos…confundindo a tristeza para que a minha alegria retorne ..
Então engano a tristeza, fingindo uma alegria que assume seu lugar e se torna real.
Por favor, preciso de uma xícara de café quente e forte para afastar o frio e a tristeza…que vem com ele !
Reh


