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Fernando Pessoa

Às vezes, quando ergo a cabeça estonteada dos livros em que escrevo as contas alheias e a ausência de vida própria, sinto uma náusea física, que pode ser de me curvar, mas que transcende os números e a desilusão. A vida desgosta-me como um remédio inútil. E é então que eu sinto com visões claras como seria fácil o afastamento deste tédio se eu tivesse a simples força de o querer deveras afastar.

Vivemos pela ação, isto é, pela vontade. Aos que não sabemos querer — sejamos gênios ou mendigos — irmana-nos a impotência. De que me serve citar-me gênio se resulto ajudante de guarda-livros? Quando Cesário Verde fez dizer ao médico que era, não o Sr. Verde empregado no comércio, mas o poeta Cesário Verde, usou de um daqueles verbalismos do orgulho inútil que suam o cheiro da vaidade. O que ele foi sempre, coitado, foi o Sr. Verde empregado no comércio.

O poeta nasceu depois de ele morrer, porque foi depois de ele morrer que nasceu a apreciação ao poeta.

Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser.

Mas tenho que querer o que for.

O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito.

Condições de palácio tem qualquer terra larga,

mas, onde estará o palácio se o não fizerem ali?

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Só porque…

Eu me calei, enquanto meu mundo ruía…de alto a baixo…

…fiquei calada, e me pergunto…teria mudado alguma coisa se eu tivesse colocado tudo pra fora naquele momento? Talvez ou não…ou talvez sim, não saberei…mas, não quero saber mais…

…fiquei confusa, naquele momento, mas, não quero que o tempo volte, nem que as lembranças boas já vividas se repitam, prefiro que aconteçam novas histórias, melhores… duradouras.

Eu amadureci, não preciso mais do imediatismo de outrora…e…

…amadurecer não é comemorar aniversário, amadurecer é resiliência, chorar a noite e de manhã ir trabalhar sorrindo, é saber se erguer apesar de tudo que já passou…

Não existe sensação melhor do que pensar que não existe outro lugar no mundo em que  eu queira estar….e que tudo que aconteceu foi só para que eu saiba ser feliz…

….entender…que apesar de….tudo se renova…e hoje é outro dia…onde tudo recomeça…
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Decisões


“Um homem foi visitar um amigo e ao chegar encontrou ele com seu cão ao lado, sentado numa tábua e gemendo de dor.
Ele pergunta:
– Por que esse cão está gemendo?
– E que ele está sentado em cima de um prego — O amigo responde.
– É porque ele não sai dai ?
– É porque não está doendo o suficiente para faze-lo sair daí. — disse o amigo.”

É voce que, decide se levantar ou continuar com a dor.

A decisão é sua.

 

Uma fabula Capitalista

Uma galinha achou alguns grãos de trigo e disse aos vizinhos: – Se plantarmos este trigo, teremos pão para comer. Alguém me quer ajudar a plantá-lo?
– Eu não! – disse a vaca. – Nem eu, tenho mais que fazer! – emendou o pato. – Eu também não – retorquiu o porco. – Eu muito menos – completou o bode.
– Então, eu mesma planto – disse a galinha. E assim o fez.
O trigo cresceu alto e amadureceu, com grãos dourados.
– Quem vai me ajudar a colher o trigo? – quis saber a galinha. – Eu não – disse o pato. – Não faz parte das minhas funções – disse o porco. – Não, depois de tantos anos de serviço – exclamou a vaca. – Eu me arriscaria a perder o seguro-desemprego – disse o bode.
– Então, eu mesma colho – disse a galinha, e colheu o trigo, ela própria.
Finalmente, chegara a hora de preparar o pão. – Quem me vai ajudar a cozer o pão? – indagou a galinha.
– Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão – disse o porco. – Eu não posso por em risco meu auxílio-doença – continuou o pato. – Caso só eu ajude, é discriminação – resmungou o bode. – Só se me pagarem hora extra – exclamou a vaca.
– Então, eu mesma faço – exclamou a pequena galinha. Ela assou cinco pães, e pôs todos numa cesta para que os vizinhos pudessem ver. De repente, todo mundo queria pão, e exigiu um pedaço.
A galinha simplesmente disse: – Não ! Vou comer os cinco pães sozinha.
– Lucros excessivos, sua agiota burguesa! – gritou a vaca.- Sanguessuga capitalista! – exclamou o pato. – Eu exijo direitos iguais! – bradou o bode.
O porco grunhiu: – A Paz, o Pão e a Educação são para todos! Direitos do Povo!
Pintaram faixas e cartazes dizendo “Injustiça Social” e marcharam em protesto contra a galinha, gritando palavras de ordem: “Fascista”, “O pão é nosso!”, “País rico é país com pães para todos!”, “Exijo a minha cota de pães!”, “Morte aos padeiros que lucram com a fome!”.
Chamaram um fiscal do governo, que disse à pobre galinha: – Você, galinha, não pode ser assim tão egoísta. Você ganhou pão a mais, tem de pagar muito imposto.
– Mas dona Raposa, eu ganhei esse pão com meu próprio trabalho e suor – defendeu-se a galinha. Os outros não quiseram trabalhar! – retorquiu sentida.
– Exatamente – disse o funcionário do governo – essa é a vantagem da livre iniciativa. Qualquer pessoa, numa empresa, pode ganhar o que quiser. Pode trabalhar ou não trabalhar. Mas, de acordo com a nossa moderna legislação, a mais avançada do Mundo, os trabalhadores mais produtivos têm que dividir o produto do trabalho com os que não fazem nada. Além disso, existe a mais-valia, o Imposto de Renda, o IPTU, o IPVA, o IPI, o ICMS, o mensalão, as Organizações NÃO Governamentais que vivem às custas de dinheiro público, etc., etc., que têm de ser pagos para garantir a nossa Saúde, a nossa Educação e a nossa Justiça! Todas elas as melhores do Mundo!
E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha, que sorriu e cacarejou: “eu estou grata”, “eu estou grata”.
Mas os vizinhos sempre se perguntavam por que a galinha nunca mais fez um pão.