Trechos do Livro “QUEM ME ROUBOU DE MIM”
“… O sequestro da subjetividade. Um roubo silencioso que nos leva de nós; acontecimento comum, mas não noticiado, que fragiliza e impossibilita o humano de viver a realização para a qual foi feito.
“A vida humana é uma constante experiência de travessia. Estamos em êxodos contínuos, em processos de deslocamentos intermináveis, porque, enquanto estivermos vivos, seremos convidados para o movimento que nos proporciona a superação de estágios, condições e atitudes
O ser humano se encontra em constante evolução. Nunca estará completo. A morte nos surpreenderá e ainda estaremos em processo de feitura. Um destes processos é a travessia: “da condição de indivíduos à condição de pessoas…
Nascemos indivíduos, mas a condição de pessoa é um lugar a ser alcançado. (…)
Ser pessoa consiste em “dispor de si e dispor-se aos outros.
É muito bonito este trecho… Mas quando se fala que ser pessoa consiste em “dispor de si e dispor-se aos outros”, paramos para refletir…
Há aqui o perigo de, ao dispor-se em demasia aos outros, acabar por perder-se de si mesmo… De se doar e acabar sendo “usada” em demasia pelos outros, que nem sempre reconhecem que o seu “dispor-se” tem limites. Este é um dos casos de sequestro de subjetividade…
Há que se ter cuidado… Há que se ter cautela.
Toda relação que priva o ser humano de sua disposição de si, de sua pertença, ou seja, a capacidade de administrar a própria vida, de alguma forma caracteriza-se como “sequestro de subjetividade.
(…) A partir desta forma de sequestro nasce o mal-estar psicológico, o sofrimento que não tem localidade no corpo, mas possui o poder de adoecê-lo, fragilizando o ser que sofre, uma vez que o sequestro lhe retira da centralidade de suas próprias decisões.
São muitas as modalidades de sequestro de subjetividade. Qualquer forma de relação humana corre o risco de se transformar em roubo, em perda de identidade, basta que as partes se percam de seus referenciais e se ausentem de si mesmas. ”
(…) Símbolo é a realidade que estabelece pontes, gera entendimento e superação.
(…) Diferente do simbólico, o diabólico quebra, desagrega, impede. Sequestros de subjetividade possuem o poder de quebrar a estrutura daqueles que o experimentam.
(…) Relações simbólicas são aquelas que nos permitem o crescimento e a superação de nossos limites porque são capazes de estabelecer pontes que nos permitem travessias. Relações diabólicas são aquelas que nos paralisam e nos fazem retroceder porque obstaculizam os caminhos.
(…) Todo livro precisa nos acrescentar algo novo. Toda forma de saber nasce de um não saber.
(…) Precisamos dilatar as consciências que temos de nós mesmos. É assim que Deus ganha espaço em nós. Quanto mais conscientes do que somos, fazemos e podemos, seremos homens e mulheres mais realizados, prontos para o desafio de transformar o mundo.
(…) Quando digo o que sou, de alguma forma eu o faço para também dizer o que não sou. O não ser está no avesso do ser, assim como o tecido só é tecido porque há um avesso que o nega, não sendo outro, mas complementando-o. O que não sou também é uma forma de ser. Eu sou eu e meus avessos.
(…) Dos relacionamentos que você já teve, quais foram as ocasiões em que verdadeiramente você foi modificado para melhor?
(…) Será que você é lembrança doída na vida de alguém? Será que já construiu cativeiros? Ou será que já viveu em algum?
Sejam quais forem as respostas, não tenha medo delas. Perguntar-se é uma maneira interessante de se descobrir como pessoa, pois as perguntas são pontes que nos favorecem travessias,
